terça-feira, 30 de março de 2010

MARQUÊS DO BRASIL

Eu nunca fui até Xapuri, mas conheço seu Marquês.
Ele viu muitos (eu vi alguns) homens/meninos levarem a bola pra lá e pra cá, como quem baila numa valsa de Straus ou num samba de Noel. Ele viu muitos (eu vi alguns) homens/meninos cruzarem o mundo com a bola, pela bola e para a bola.
Assim como ele, me encantei com meninos de “canetas” mágicas fazendo poesia em dribles curtos ou passes longos.
Vi Armando eternizar defesas, dribles, passes, gols, pontos e cestas. Conheci Armando com alma de moleque e responsabilidade de evangelista, eternizando nossos heróis e vilões.
Vi suas letras em choro. Seu lamento de dor. Ele esteve aqui em tempos de luto. Chorou Dener, Senna, chorou por Garrincha. Com alma olímpica, chorou por Maradona no último tango de Dom Diego na Copa de Bebeto e Romário.
Vi até um Armando menos preocupado com o esporte, mesmo estando na “Grande Área”. Vi sua ousadia na calcinha da tenista, tendo o vento como companheiro de tabela. Vi seus olhos de menino debruçado sobre os encantos de Paula e Hortência, de Isabel e Vera Mossa. Vi que ele perdia a pose quando Gabriela Sabatini jogava a bolinha amarela para cima, soltava o braço e oferecia para sua adversária um tiro mortal. Ao público e ao próprio Armando era oferecida a possibilidade de enxergar outra mulher que não fosse aquela tenista argentina de cabelos e olhos negros.
Eu vi Armando fazer festa quando o Brasil fez festa. Vi sua euforia com Copas e medalhas.
Armando tratou a folha de papel como se fosse uma praça de esportes. Quando escreveu sobre Garrincha deixou que seu texto fosse tão irresponsável quanto os dribles de Mane. Quando escreveu sobre os marcadores de Garrincha deixou que suas letras fossem tão duras e dolorosas quanto os pontapés.
Boa bola Marquês.
. . .

Um comentário: